domingo, 15 de agosto de 2010

Tecnologias na Educação: Revista Tecnologias na Educação

Tecnologias na Educação: Revista Tecnologias na Educação: " Está on line a Revista Tecnologias na Educação, ano 2, número 1 . Clique aqui para ler os artigos de pesquisadores e relatos de experiên..."

sábado, 14 de agosto de 2010

Cadê a palavra que estava aqui?

Por: Grace de C. Gonçalves


Cadê a palavra que estava aqui? Esta deve ter sido a pergunta feita por alunos de 7ª série de uma escola pública diante de uma atividade proposta pela professora da disciplina de Ciências. A atividade (avaliação) propunha que o aluno buscasse em uma figura representativa do aparelho digestório (...)

(...) informações que completariam um texto descritivo sobre o caminho do alimento no aparelho digestório. Segundo a professora, os alunos não sabiam qual palavra colocar nos espaços vazios do texto. O que pode ter ou não ter acontecido? Os alunos estavam com preguiça? A professora não lhes apresentou o tema antes, ou os alunos não sabem ler?
A coisa não é tão simples assim.

Quando fazem juntos, professor e aluno detectam, inferem, comparam, analisam, identificam, definem e controem um conhecimento. Nesta fase, o papel do professor é propor, conduzir, orientar e reorientar quando necessário. Perfeito... até aí. Após esse processo de construção do conhecimento, é necessário reservar um tempo para a realização de uma ou várias atividades semelhantes para que o conhecimento adquirido seja, de fato, apropriado pelo aprendiz para somente então ser aplicado de diversos modos e circunstâncias. Exemplifico.

Para aprender a dirigir um carro, têm-se aulas teóricas e práticas. Nas aulas práticas, o instrutor senta-se ao lado do motorista novato, lhe apresenta a máquina e instrui que movimentos o aprendiz deve realizar para fazê-la andar. Temos um motorista? Ainda não. Ele tem o conhecimento básico sobre a máquina e de como fazê-la se movimentar, mas ainda não tem domínio sobre ela. O domínio virá se o motorista-aprendiz tiver a oportunidade de aplicar aquilo que aprendeu mais uma vez, e outra e mais outra. Mesmo assim, após dez repetições, correrá o risco, em meio a um ambiente de tensão - o trânsito -, esquecer de fazer um gesto e perder o controle da máquina. Temos um motorista? Talvez.

Pois o mesmo acontece com a aprendizagem na escola. Tem-se o instrutor-professor, o aprendiz-aluno, a máquina-conhecimento, mas não se têm as repetições que produzem a apropriação do conhecimento. Num momento de tensão - a avaliação (ou a transferência de uma informação para um texto faltando palavras) - o aprendiz-aluno perde o controle da máquina-conhecimento.


Apropriar-se de um conhecimento implica repetições que levam ao condicionamento ou à memorização. Guardados na memória, “na hora de ser criativo, o cérebro usa as mesmas estruturas de outras maneiras para olhar uma questão de outro jeito e descobrir um caminho alternativo” diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel.

No caso relatado no início deste artigo, os alunos tiveram tempo para conhecer e fazer algumas atividades referentes ao novo conhecimento – aparelho digestório - entretanto, não tiveram tempo nem oportunidade para se apropriarem dele e serem criativos na hora de preencher um texto faltando palavras.

Então, vamos baixar nossa ansiedade e oferecer aos nossos aprendizes tempo e oportunidade para que eles construam um conhecimento, identifiquem-no em outras situações e circunstâncias e repitam a experiência com a sua ajuda para tão somente depois avaliar se realmente o conhecimento foi apropriado.

Há casos em que a memorização não escraviza, liberta. Já imaginou ocupar seu cérebro pensando em como se faz para ligar o motor do carro toda vez que quiser sair de casa? Melhor seria ter essa e outras operações mentais já condicionadas e deixar o cérebro livre para apreciar o passeio.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Um passeio de Maria Fumaça e a Leitura

Por: Grace de C. Gonçalves

O ato de ler exige do indivíduo habilidades intelectuais que podem ser exercitadas antes mesmo de a criança freqüentar a escola formal. Essas habilidades são as mesmas requeridas no desempenho de qualquer atividade humana, basta apenas que os pais estejam atentos às oportunidades que surgem no dia a dia para que juntos aos pequenos possam colocá-las em prática. Mas, que oportunidades e habilidades são essas?

Em férias, durante um passeio de Maria Fumaça, sentou-se ao nosso lado uma família que curiosamente me chamou atenção. Pai e mãe acomodaram-se, um de frente para o outro, próximos à janela. No colo da mãe, com o corpo voltado para o centro do vagão, uma criança de dois anos. Sentado ao lado do pai, próximo ao corredor, o filho mais velho de mais ou menos seis anos. Este tinha em suas mãos um joguinho eletrônico.
O passeio, que a princípio tem o objetivo de mostrar o palco da revolução de 32 em Passa Quatro, estava um tédio para os garotos. Enquanto o filho mais novo observava as nucas de outros passageiros entregues à contemplação da paisagem, o mais velho apertava os botões do game e batia os pés no banco oposto ao seu. O pai comentara que o filho preferia trocar o passeio de trem pela TV e computador do hotel em que estavam hospedados. O menino acrescentou “lá é mais legal”. A criança acreditava ser mais fascinante o mundo virtual do que o mundo real. Acreditava no virtual porque não enxergava o real.

Leia o restante do texto em Tô Sabendo...

sábado, 31 de julho de 2010

LIVRO-JOGO

Por: Grace de C. Gonçalves
Estratégias que facilitam a produção de textos

Sobre leitura e escrita... Existem estratégias que facilitam a produção de textos e outras que auxiliam a leitura. Eis algumas delas.

LENDO... O QUÊ?
Textos de outros alunos.

Estão tão interessados!!! Por quê?

É um livro jogo construído por alunos de 7 série.

Nome do projeto: QUE BAGUNÇA!
Objetivo 1: Escritores. Escrever, a partir de um desenho de autoria do próprio aluno, uma história contemplando os elementos essenciais de uma narrativa: persongagem, tempo, ambiente, conflito, clímax e desfecho.

Objetivo 2 : Leitores: Reconstruir a história que está dividida em quatro partes separadas e colocadas em páginas diferentes.

Estratégias de leitura. Para reconstruí-la, o leitor deverá relacionar o desenho, à introdução, ao desenvolvimento e ao desfecho.

Como isso ocorre?: Cognitivamente, um frame é ativado a partir do desenho. Em seguida, o leitor procura referências que remetem ao frame estabelecido, cria outros frames e procura outros referenciais nas partes seguintes.

Veja detalhes do projeto na página LENDO E ESCREVENDO

domingo, 25 de julho de 2010

REVISTA DE CLASSE

Por: Grace de C. Gonçalves
Tema: Projeto de aula para formação de escritores

Investigar fatos que acontecem dentro da escola, registrá-los e divulgá-los a toda comunidade escolar em suporte virtual. Essa foi a proposta feita a alunos dos 3º anos do Ensino Médio da E.E. Vereador Antonio de Ré. A partir daí, os alunos tornaram-se repórteres investigativos de fatos e acontecimentos impulsionados pela curiosidade do aluno. Surgiu então a primeira Revista de Classe de caráter experimental.

sábado, 5 de junho de 2010

JORNAL ESCOLAR

Por: Grace de C. Gonçalves
Tema: Formação de Escritores
Experiência Real

Levar o jornal para as aulas de Língua Portuguesa é recomendação corriqueira entre educadores. Entretanto, é raro uma escola pública produzir seu próprio jornal por diversos fatores: sala de informática com equipamentos precários ou em número reduzido, falta de verba para a reprodução de exemplares, ou dificuldade do profissional – professor de gerenciar um grande número de alunos para essa tarefa. Por isso, o contato com os gêneros jornalísticos ocorre de modo apenas informativo e por meio de livros didáticos. Acredito que encontrar um gênero de texto jornalístico em outro suporte lingüístico que não aquele de sua origem o desvincula de sua essência - a proximidade com a realidade.
Foi então que...


Jornal 8ª Categoria V.A.R.

Leia mais clicando a página "Jornal e Revista Escolar"

segunda-feira, 31 de maio de 2010

OS PRESENTES QUE O PROFESSOR RECEBE

Por: Grace de C. Gonçalves
Tema: Reconhecimento


Foi há muito que voltávamos para casa com os braços cheios de presentes dados pelos alunos pelo dia do professor. Eram bijuterias, maquiagens, lenços, caixinhas de música, bombons, canetas, meias, laços de fita e muitos papéis de presente. Mesmo sabendo que alguns deles vinham carregados de segunda e terceira intenções, os presentes eram visíveis, palpáveis. Representavam o carinho e o reconhecimento de nosso trabalho - pelo menos, era assim que entendíamos (ou nos iludíamos).
A economia se modificou e perdemos os regalos. Hoje, os presentes que recebemos não têm data certa para a sua entrega, nem tampouco são visíveis para os olhos. Eles estão chegando de mansinho, quase imperceptíveis que, se não estivermos atentos, perdemos a oportunidade de nos alimentarmos de sua representatividade. Esses presentes acontecem nos momentos mais inusitados de nossa vida profissional.
Sabe aquela hora em que estamos esgotados, acreditando que estamos falando para as paredes? Pois é, o presente vem chegando assim, do nada. Um aluno se aproxima com o caderno na mão, totalmente alheio ao seu desânimo e lhe pergunta: É deste jeito que se faz?
Ou então, depois que você sai daquela 7ª G arrasado - porque, mesmo tendo modificado o método, a aprendizagem não ocorre - segue exaurido para a 7ª D sentindo-se uma nulidade. Lá, é recebido com expectativa porque na aula anterior gostaram da atividade de redação e aguardam a sua continuidade.
Também tem aquela vez que, quando da visita de um grupo de teatro, no final da peça, naquela hora em que os atores se colocam à disposição de questionamentos, um dos profissionais comete o ato falho de dizer que o ponto de vista apresentado na peça é o mais certo e o seu aluno se levanta indignado repetindo a sua fala sobre ponto de vista, respeito às preferências dos demais, dos direitos dos outros e outras coisas mais.
Às vezes, o presente demora a chegar. Vem depois de alguns anos, quando seu ex-aluno, já na terceira série do segundo grau lhe para no corredor dizendo que será publicitário graças àquelas atividades que simulavam uma agência de propaganda. Ou então, mais tarde ainda, quando um rapaz, já em idade madura, lhe para no farol e lhe diz: “É você o professor tal? Então, eu queria lhe agradecer, pois estou na faculdade por causa de uma regrinha que você nos passou em forma de canção. Agora estou terminando minha faculdade de biologia já com emprego em vista”. Embaraçado, você agradece e pensa: “Nossa, já tenho aluno tão velho assim!” E respira aliviado “Ah, foi aluno meu do supletivo”.
Não lidamos com máquinas, mas sim com gente. Máquinas respondem logo e se não desenpenham a atividade programada é só reprogramar. Mas gente é diferente, a aprendizagem é diferente, desigual, arrítmica e surpreendente. A profissão – professor - é tarefa árdua, sem perspectiva de evolução financeira, sem reconhecimento político, sem prêmios por trabalho desempenhado, entretanto valoroza e de grande responsabilidade porque modificamos mentes, interferimos em destinos, salvamos vidas que se perderiam caso não estivéssemos lá para entusiasmar, incentivar, sonhar. A nossa paga? O essencial, invisível para os olhos.